logo ali.

Um domingo, por essência, tende a ser preguiçoso, devagar e agonizante. Até porque amanhã ainda tenho aulas, algumas tarefas, mas nada de mais.

Eu até tinha alguns planos, mas as coisas não correram exatamente como eu gostaria. O que me deixa a possibilidade de usar esse tempo pra alguma coisa melhor do que os programas de televisão de domingo, que comem sua alma e seu espírito. (Haha)

Estou quase de malas prontas pra uma pequena jornada em busca de um tempo razoavelmente proveitoso, não muito dispendioso, apesar dos gastos necessários, e que sirva pra recolocar algumas perspectivas em linha. Viajar sozinho não é uma coisa que se deva fazer sempre, mas tem dias, anos, meses, horas, que é bom. Que ajuda.

Quando eu marquei a viagem eu pensei logo numa corrida às compras, mas logo me dei conta de que só isso não estava ajudando. Então resolvi visitar pequenos fantasmas da memória de infância, ver lugares, pessoas, cores, cheiros, sons e sensações das quais eu só tenho guardados pequenos ecos.

Ok, dois fatores, tudo bem. Mas e meu constante estado de inquietação dos últimos meses? Bom, vamos colocar na lista então.

No fim eu decidi que a viagem ia ser um momento meu, pra colocar as coisas no lugar, dar fim a outras e começar ainda com outras.

E o que seria de uma viagem sem sua trilha sonora?

Então eu estou sentado de frente pra minha biblioteca musical, escolhendo o que vai me acompanhar nessa empreitada.

Shall we?

Eu incluí alguns filmes, pra momentos de sossego ou de translado mais demorado (hora do rush na marginal, quem curte?) mas foram poucos. A música que é o assunto agora.

O cd que eu adicionei primeiro foi o “Donde jugarán las ninas?” do Molotov, até porque eu to indo em ordem alfabética e tem uma interrogação invertida (que eu não sei fazer) antes do nome desse cd. O clima ‘cholo’ desse cd serve são paulo muito bem, especialmente nas idas de santa efigênia e largo são bento.

O Próximo foi “Air Raid Serenades” – The Hellacopters , é uma coletânea e não é bem a trilha sonora de estrada, mas tem um clima ‘preppie’ pra night que é ótimo, é quase um milkshake depois do banho, uma cerveja seguida de “e aí, bora pra balada?”, ahahah, mas é música de festa, ou pelo menos, do começo dela.

“Almost Here” – The Academy is… é a cara do adolescente paulista, o rockzinho semi-hardcore-emo lembra muito os antigos festivais que eu costumava fazer o mundo virar ao contrário pra conseguir ir. Numa tarde de galeria do rock, recomendadíssima, comprar camisetas e all-stars ecoando ‘black mamba’. Ah, os meus 15 anos…

Depois partimos pra um clima mais pop, “Alright, Still” – Lily Allen , é a cara do começo de noite nos jardins, um drinque no carro, uma brisa fria, perfume novo, ser jovem e sentir o mundo aos seus pés. Rir um pouco com amigos novos, melhores amigos eternos de 5 minutos atrás e um ou outro trident de hortelã pra dizer que hoje é o dia.

“Americana” – The Offspring é o sorvete com os primos à tarde, vocês se conhecem a vida toda, sabem tudo um do outro, até coisas que as mães nunca poderão saber. A sua adolescência pede passagem, suba pra uma carona de uns minutos, vale a pena.

“Appeal to reason” – Rise Against olha, o cd é FODA, e é agressivo, sujo, pesado e totalmente viciante. Pra ouvir no metrô (com cuidado, mano) tem o clima da cidade grande e ajuda a imaginar um clipe sendo feito com você ali no meio, tudo se encaixa com bastante facilidade. Assim como o “Avenged Sevenfold” – Avenged Sevenfold, músicas pra enfrentar o mundo.

Na letra b, eu escolhi “Because of times” – Kings of Leon eu gosto muito desse cd, a acústica dele, as músicas o clima…não sei… É a estrada aberta de madrugada, quase amanhecendo, com gosto de achocolatado (não posso, mas sei que gosto tem) aquele friozinho, o céu azul-cinza (sp, baby) escuro, a noite intensa que vai ficando pra trás, a relva de um dia novo. É o caminho pra casa, pra cama. Os restos de gosto de bebida nos lábios e o cigarro nas roupas. Esperando o dia amanhecer enquanto alguns pingos de chuva batem na janela, alguém nos braços…

“Bullets and Octane” – Bullets and Octane é um cd pra colocar num dia de sol, churrasco e piscina pra entrar na pilha, no clima. É o que ME põe na pilha, porém….

Deixando um pouco de lado a intensidade de algumas bandas temos “Coaster” – NOFX é despreocupado e feliz, rápido e ritmado, tem uns riffs grudentos mas vale a pena, escutar pra esquecer de tudo mais.

“Crossroad” – Bon Jovi se é uma viagem pra visitar lugares que são velhos conhecidos, porque não músicas que são velhas conhecidas? Sem vergonha de cantar junto. E ‘Someday i’ll be saturday night’ ainda é espetacular.

“E.N.D.” – Black Eyed Peas não é que eu seja fã, mas eu admito: esse cd tem umas baladinhas eletrônicas bem gostosas. Dá pra ouvir, não todo, tem umas músicas bobinhas demaaais, mas tem outras que compensam. Ouvir, mas com cuidado.

E vou pulando alguns álbuns, tá, tá, “For My Friends” – Blind Melon, se você nunca ouviu, ouça. Os vocais finos e meio esganiçados podem ser duvidosos mas os arranjos de guitarra espetaculares, com solos e riffs pra todos lados, mas sempre ordenadamente e harmonicamente construídos, uma bateria bem marcada, vão fazer valer a pena. Um dos melhores cd’s que eu já ouvi. É música pra olhar pro horizonte e tentar entender.

“Found in the Flood” – The Bled tá, não tem nada a ver com viagem, mas eu adoro esse cd. E me dá boas lembranças também, então por que não?

E pula, pula, e música pra acordar domingo : “A hangover you don’t deserve” – Bowling for soup melhor rir do que chorar, depois de se recuperar, põe BFS pra rodar e vamos pra outra.

“Half the perfect World” Madeleine Peyroux música pro pastel no mercadão (de mogi, of course) uma manhã civilizada, no meio de anos de estória. Ok, meus pais que sabem da estória e viveram ela, mas eu gosto de parecer legal. E a voz dela é MARA.

Lembra da ressaca? então, enquanto você tenta colocar a perna no lugar e desentorta o braço, ponha uma roupa, caminhe até a padaria mais próxima, peça suco de laranja e pão com manteiga na chapa e peça pra colocar “Howl” – B.R.M.C. pra tocar. Como ele não vai ter, lembre-se de levar seu mp3 num volume moderado, só o suficiente pra suprimir o barulho do espremedor de laranjas.

Quando você almoçar cedo e tiver a tarde livre, e se por acaso for pra algum parque….“it won’t be soon before long” – Maroon 5 sorvete de morango e crianças rindo, perfeitas como músicas de fundo e sol na cara.

“Made in U.S.A.” – Beach Boys como eu também vou pra praia, é inevitável não pensar em beach boys. i-ne-vi-tá-vel.

“Off the Wall” – Michael Jackson é minha pizza com os tios, programa em família, primos na mesa, vovó só de olho e muita bagunça como nos bons tempos.

“Pennybridge Pioneers” – Millencollin A energia desse álbum é ótima, anima qualquer dia, dá vontade de botar bermuda e aprender a andar de skate. Feeling de asfalto e mcdonald’s, adolescência urbana. Gosto bom.

E como era de se esperar, show de rock. Pra dar o gás necessário tem que ter “Rage Against the Machine” – Rage Against the Machine que é um dos melhores deles. Velocidade e climáx, com riffs marcantes e músicas lendárias. Duvido você ficar sem nem marcar o tempo no pé. E vamos pro mosh.

“Stand by the D.A.N.C.E.” – Forgotten Boys é o rock paulistano. É a cara do adulto- jovem da cidade. É onde o adolescente roqueiro aposenta a camiseta surrada do Led e começa a se vestir com mais esmero, com camisa nova estilizada, do Led, as mulheres bem resolvidas, tão arrumadas que quase são confundidas com patricinhas, se não fosse o all-star branco. Que só querem diversão e a noite sem fim que vai começar já, já.

“Steal this Album” – System of a down Veeeeeeei! Anarquia! larga tudo e vamos chutar lata no meio da rua que às vezes é bom!

“Stomping Ground” – Goldfinger Completamente califórnia.  A coca-cola antes do almoço no jardim, o chiclete com recheio ácido. E fazendo tudo isso com o boné pra trás, sonhando em ser Tony Hawk.

E quase chegando ao fim, vamos escutar “There’s notinhg left to lose” – Foo Fighters , claro enquanto você vai pra casa da vovó tomar café da tarde, vai ouvindo isso, esperando o céu ficar amarelado, avermelhado e o sol ir embora na expectativa da lua que vem aí.

“Whatever People say i am, that’s what i’m not,” – Arctic Monkeys quando você sai no meio da balada pra conhecer melhor aquela menina, vocês podem acabar comendo um hamburger, perdidos na noite, rindo sobre as batatas fritas, ela te beija depois de pedir um guaraná e só no hotel você lembra que ela tem um sobrenome parecido com o seu, qual a chance?  então vai tocar bem longe, arctic monkeys. É o despropósito, a bagunça, o inverso do que devia ser. Melhor colocar na lista, por precaução, né?

“With the Beatles” – The Beatles músicas pra começos e fins, pepsi ou guaraná, nunca coca-cola. Talvez pela sensação de multidão seja uma boa ouvir enquanto no bairro japonês, escolhendo bugigangas piscantes e procurando yakissoba.

E acho que eu concluo aqui. Talvez tenha muita coisa que ficou de fora, mas do jeito que tá eu vou passar a viagem toda com fones no ouvido. Definitivamente não. Às vezes o som pode estar alto, às vezes mais baixo, às vezes nos fones, às vezes no carro ou em aparelhos de som. Mas o importante aqui é que seja mais um fator na viagem, não ela TODA.

Pense na sua próxima viagem.

O que você gostaria de escutar?

Todas cidades tem seus sons, São Paulo tem sua música. é um aglomerado de barulhos que não acaba mais. No começo pode ser estranho, mas se acostuma. Faz parte do charme, da energia.

Ouvir uma música enquanto vê uma cena, observa uma vida, passeia num lugar, tira uma foto. Parece que foi feito um pro outro, essa música e essa foto.

Coloque-se à disposição de uma trilha sonora e veja onde seu dia vai acabar.

Capaz de você começar a cantar músicas na sua cabeça quando não houver som perto.

O que parecer adequado, inadequado, frases boas, ruins, melodias boas, ruins, músicas que falam de amor, de ódio, de chorar, de tragédias, de recomeços, de ter filhos, de alegrias, de aniversários, de ser bom, ruim, de histórias que nunca existiram, de pessoas do passado, do futuro, de indagações, de teorias ou músicas sem sentido pra cantar junto e sorrir. Música sobre ser jovem, velho, homem, mulher ou o que se desejar ser. Música só sobre aproveitar a vida e viver.

Viva com música.

O que você gostaria de escutar?

este post foi dedicado.

One response to this post.

  1. Posted by Eros on October 7, 2009 at 17:55

    Oo

    Music for life, play list’s for living….

    Bonde do rolê é irado! Nem vem ¬¬

    Eu acrescentaria metallica by four cellos – Apocalyptica para noites chuvosas e solitárias!

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